quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Caminho Solitário


Caminho Solitário



Receio pela ausência das palavras
A perda momentânea do intelecto
Fico na minha guarita e esperto
As mudanças por vezes tão escravas... 

A insensatez maltrata todo pensamento
Leva-nos para fora de qualquer senso
A liberdade mental cura, assim penso...
Respeitando as adversidades do momento.

O descuido da atenção é involuntário
Perder-se na pontuação cansa o discurso
Respeitar novas ideias enobrece o recurso
Da oratória que se perderá no caminho solitário.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


domingo, 26 de agosto de 2018

Refugiados


Refugiados



Terra promissora e deveras cobiçada
A mão que trabalha, agora é humilhada...
Sobreviver deixou de ser realidade desejada
Uma honra submissa da sociedade açoitada.

Arrancaram os telhados da nossa morada
Aos chutes derrubaram a porta sem permissão
Pelas janelas vimos nossas vidas na indignação.
As paredes do lar foram ao chão e junto uma lágrima.

Caminhamos por estradas sem um lugar seguro
A fome agora se alimenta de nossa esperança
Nossa criança ainda sem forças pede um pão duro...
Olhamos para o céu buscando a Divina Confiança.

Um choro ainda no ventre materno busca proteção
Nascerá sem pátria, apenas uma mãe gentil...
A culpa tornou-se o passaporte dos refugiados
Carregando no espírito a Luz dos Exilados.

“A Vida é uma Bola...”
Quem oferece uma mão, esmaga o pão com a outra...
O leite jogado ao chão, o gado vai pisando sem compaixão
Um dia mastigando a utopia, no outro a caridade de irmãos
Que surgem do vazio e sem carregar palavras de ordem
Carregam em suas mãos alimentos aumentando a crença
Que as nossas Vidas tenham outra realidade um dia
Aonde lágrimas de tristezas venham no Novo Amanhecer
Transformada na pura de Divina Alegria...



Fernando Matos
Poeta Pernambucano
http://poetafernandomatos.blogspot.com/


sábado, 25 de agosto de 2018

Entrega


Entrega



A noite passou e entrei em desespero
Acordei assustado chamando teu nome
Louco só em pensar de perder teu cheiro
Solidão de lençóis que me consome...


No grande feitiço em que somos inocentes
Guardaremos os eternos lindos segredos
Vivenciando o enlace sem medos...
Somos livres sem quaisquer antecedentes.


Ainda me lembro da mancha de batom
Alegria da carta recebida em sigilo
A brisa do mar ocultando nosso grito
De amor, evitando qualquer frisson.


Não custa nada sonhar...
Deitei meu espírito na calma da noite
Imaginei corpos no inesquecível pernoite
Rendendo-se à ilusão poética do romancear.


Fernando Matos

Poeta Pernambucano


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Depois da Tempestade


Depois da Tempestade


Quando a violenta perturbação vos atingir
Sonha com pingos de água em notas musicais
Os ventos e trovões não vêm para dividir
São moções renovando momentos cruciais.

Associando sofrimento a purificação
O discernimento irá se aprimorando
Conduzindo-nos ao alto nível de evolução.

Quando suportarmos o temporal no espírito
Todo grito será transformado em bálsamo
Manter-se calmo é um ótimo exercício
Ouvir o som da respiração equilibra as estações.

Após a fatídica tempestade dos sentimentos
Deus fortalecerá nossas lendárias raízes
Novas folhas irão surgir subjugando as crises
Somos pedras preciosas, extrema energia laboriosa
Extraída com prudência dos quatro elementos.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A Criação


A Criação


Para quem escreve não há limitações
Cortamos a carne com as palavras
A dor se torna remédio para os corações
Poéticos...
A criação é muda, uma lágrima a salvar.

Cada ocasião que empunhamos uma caneta
Tornamo-nos amigos íntimos do sofrimento
Escrever é sucumbir à vida feito borboleta
É sorrir e chorar sem qualquer argumento.

Observo lágrimas se transformando em estrelas
O grito da noite se convertendo em melodia
Pássaros mágicos formando a perfeita ária
Solistas das almas perdidas na longa travessia.

Criar é um ato sagrado...

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Alento


Alento



Não escolhi a caminhada triste
Nem tão pouco o recanto da solidão
Tudo transcorre na fluidez da contramão
O bom guerreiro chora, mas não desiste.

A chuva molha a serena alma esquecida
Os pássaros não ecoam suas melodias
Na noite esquecemos-nos de valorizar as fantasias
Construída em falsa imagem perdida...

Suspiro no silêncio musical,
Transpiro no lençol macio,
Onde tudo é surdo e vazio.

Torturados derrogam o despertador
O dia já não tem mais o mesmo valor.
Liberdade para o delével pensamento
Perdoar é a bravura para todo sentimento.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano