Irmãos de Alma
Vou narrar um conto
Mas como o dito popular:
“Quem conta um conto
Aumenta um ponto”
Espero não aumentar
Ou quem sabe diminuir
O que vim aqui dividir...
Eram crianças maravilhosas
Todas esperançosas e com muita energia.
Cada dia uma novidade
Com uma nova oportunidade de viver
Assim também ter um sonho a conceber.
O tempo passa como o vento de outono
As sementes se tornam frutos trazendo
Novas sementes em mentes novas.
As crianças se tornam jovens destemidos
Com uma doce ilusão de serem acolhidos
Pelo mundo quando ainda estão no sono
Profundo.
Ele cresceu, ela também e esplendorosa.
Tão formosa que a família a escondia
Com receio de perder para sempre...
Ele sente a falta da amiga de todos os dias
Quantas alegrias viveram na comunidade
Hoje precisam desbravar o que de comum
Pode haver na humanidade sem separar
Aquela linda amizade que já desponta
Um novo olhar...
Uma sucessão de acontecimentos transformou
Aqueles amigos tão cheios de desejos e um só destino:
Continuar unidos, infelizmente tudo agora mudou.
Transferidos para lados opostos do planeta
Carregando na maleta apenas a valiosa saudade
Com uma vontade enorme de rever o seu grande amor.
Ele se tornou um missionário e em seguida padre
Ela dedicou-se a ajudar os pobres, freira desejou ser.
O que a vida separa o sonho trata de unir novamente.
Mas sempre separando a cada novo amanhecer.
Certo dia trabalhando em suas diversas lidas
Souberam o endereço de suas moradias
Então uma caneta e um papel foram a saída
Para encurtar o terrível distanciamento
Voltando a unir-se secretamente em pensamento.
Assim foram seguindo um futuro incerto
Todavia cada vez mais perto do coração
Usando apenas a emoção numa mensagem escrita.
De repente um silêncio no tempo...
Nenhuma correspondência respondida
Ela pôs-se a ficar aflita...
Aquela aflição não era normal
Sentia no peito um mal esquisito
Perturbando a calmaria do espírito.
Pediu licença aos seus superiores
Depois viajou a procura de respostas.
Com forte receio de aumentar suas dores
Foi ao encontro do seu único sentimento
Verdadeiro.
Ao chegar ao destino sentiu um cheiro
De despedida...
Ficou logo sabendo da partida do amigo
De infância que a distância nunca dividiu...
Voltou e como penitência ao mundo se fechou
A mágoa de não mais poder escrever
Para reviver um forte amor
Foi dia após dia amentando sua dor
Até numa certa manhã de primavera
Ela deu seu derradeiro suspiro.
Até a atmosfera chorou
Para cada lágrima celestial
No jardim uma rosa vermelha brotou
Trazendo um doce perfume especial.
Porque Amar nunca é demais
Acreditando que jamais uma partida
Será um ponto final.
Fernando Matos
Poeta Pernambucano
Dr. h.c. em Arte e Poesia
(Direitos Reservados ao Autor)
Foto: Google Imagens