sábado, 12 de junho de 2021

Irmãos de Alma

 

Irmãos de Alma

 


Vou narrar um conto

Mas como o dito popular:

“Quem conta um conto

Aumenta um ponto”

Espero não aumentar

Ou quem sabe diminuir

O que vim aqui dividir...

 

Eram crianças maravilhosas

Todas esperançosas e com muita energia.

Cada dia uma novidade

Com uma nova oportunidade de viver

Assim também ter um sonho a conceber.

 

O tempo passa como o vento de outono

As sementes se tornam frutos trazendo

Novas sementes em mentes novas.

As crianças se tornam jovens destemidos

Com uma doce ilusão de serem acolhidos

Pelo mundo quando ainda estão no sono

Profundo.

 

Ele cresceu, ela também e esplendorosa.

Tão formosa que a família a escondia

Com receio de perder para sempre...

Ele sente a falta da amiga de todos os dias

Quantas alegrias viveram na comunidade

Hoje precisam desbravar o que de comum

Pode haver na humanidade sem separar

Aquela linda amizade que já desponta

Um novo olhar...

 

Uma sucessão de acontecimentos transformou

Aqueles amigos tão cheios de desejos e um só destino:

Continuar unidos, infelizmente tudo agora mudou.

Transferidos para lados opostos do planeta

Carregando na maleta apenas a valiosa saudade

Com uma vontade enorme de rever o seu grande amor.

 

Ele se tornou um missionário e em seguida padre

Ela dedicou-se a ajudar os pobres, freira desejou ser.

O que a vida separa o sonho trata de unir novamente.

Mas sempre separando a cada novo amanhecer.

Certo dia trabalhando em suas diversas lidas

Souberam o endereço de suas moradias

Então uma caneta e um papel foram a saída

Para encurtar o terrível distanciamento

Voltando a unir-se secretamente em pensamento.

 

Assim foram seguindo um futuro incerto

Todavia cada vez mais perto do coração

Usando apenas a emoção numa mensagem escrita.

De repente um silêncio no tempo...

Nenhuma correspondência respondida

Ela pôs-se a ficar aflita...

 

Aquela aflição não era normal

Sentia no peito um mal esquisito

Perturbando a calmaria do espírito.

Pediu licença aos seus superiores

Depois viajou a procura de respostas.

Com forte receio de aumentar suas dores

Foi ao encontro do seu único sentimento

Verdadeiro.

Ao chegar ao destino sentiu um cheiro

De despedida...

Ficou logo sabendo da partida do amigo

De infância que a distância nunca dividiu...

 

Voltou e como penitência ao mundo se fechou

A mágoa de não mais poder escrever

Para reviver um forte amor

Foi dia após dia amentando sua dor

Até numa certa manhã de primavera

Ela deu seu derradeiro suspiro.

Até a atmosfera chorou

Para cada lágrima celestial

No jardim uma rosa vermelha brotou

Trazendo um doce perfume especial.

Porque Amar nunca é demais

Acreditando que jamais uma partida

Será um ponto final.

 


Fernando Matos

Poeta Pernambucano

Dr. h.c. em Arte e Poesia

(Direitos Reservados ao Autor)

Foto: Google Imagens



quarta-feira, 9 de junho de 2021

Em Outro Tempo

 

Em Outro Tempo

 


Éramos apenas habitantes do planeta.

Desconhecidos e ainda somos na história...

Alegrias e sofrimentos, tudo retórica.

Vivendo uma cascata de efeito borboleta.

 

O que era para nos separar

Acabou por unir-nos em atitudes,

Mas alguns perderam a noção de virtudes.

A discriminação ainda é a pior forma de matar.

 

Era uma vez alguém que calado sofria.

Uma agonia solitária e bastante cruel.

A tragédia que abalou até os habitantes do céu.

Nada é tão fiel que a solidariedade

Nada é tão hediondo que a falta de empatia

Em outro tempo nem sabíamos o que era Humanidade.

 


Fernando Matos

Poeta Pernambucano. 

Dr. h.c. em Arte e Poesia

(Direitos Reservados ao Autor)

Foto: Google Imagens



sábado, 5 de junho de 2021

Na Ideia

 

Na Ideia

 

Onde estais amor?

Que a noite tão longa

Se prolonga o desejo

Se não te vejo no laço

Dos meus braços.

 

Quero-te ver amor.

Como a lua cheia

Nua e cheia de vontade

Ouvindo palavras de cumplicidade

Corporal, brincando de cabra cega...

Até onde nosso orgasmo enxerga.

 

Por favor amor não demora...

Quem faz a hora jamais perde o tempo.

Quero tirar-te do meu pensamento

Para sentir o cheiro gostoso do seu corpo

Pois sou um marinheiro louco procurando um porto,

Depois embriagar-me de beijos

Sem nenhum pecado é tudo que agora desejo.

 

Fernando Matos

Poeta Pernambucano

Dr. h.c. em Arte e Poesia

(Direitos Reservados ao Autor)

Foto: Google Imagens



quinta-feira, 3 de junho de 2021

O Espaço Vazio

 

O Espaço Vazio

 


Uma mesa grande e bastante farta.

Várias cadeiras o lugar lotado.

Nenhum instante perdido,

Tudo lembrado e hoje faz falta.

 

O tempo aumentou as encruzilhadas.

Novos caminhos... A mesa ficou reduzida.

Foi quando começou a despedida.

Vidas ficando ilhadas, outros bateram em retirada.

 

Hoje outros destinos surgiram para enaltecer

A vida, o amor e o benquerer...

É complicado esquecer tantos abraços,

Os laços de uma união eterna...

Deixando a relação fraterna e saudosa.

Nostalgia que nos acompanha noite e dia.

A mesa era enorme, atualmente pequena.

A lua cheia serena iluminando o espaço vazio

Só a certeza de que o luto não é absoluto.

Apenas a lembrança feliz de um olhar gentil.

 


Fernando Matos

Poeta Pernambucano

Dr. h.c. em Arte e Poesia

(Direitos Reservados ao Autor)

Foto: Google Imagens