domingo, 7 de agosto de 2011

CEIFEIROS




Inquietude corporal
mãos pesadas,
um jogral sem declamador.
Sigo andando
parado na mesma estação
seguindo por curvas de cada
esquina perdida do passado.

A sede já ultrapassou
a vontade da boca
a idade voraz descortina
o veredito: O Caminho é curto.

O olhar de ave rapina
já cumpriu sua sina de caçador
e a dor espiritual que agora invade
tornou-me ceifador
de mim por mim mesmo.

Quem muito fala revela
suas próprias mentiras secretas.
Janelas abertas,
tento alçar vôos com minhas enormes
asas da imaginação...
Já não posso planar pela vastidão,
porque os olhos cerrados da angustia
deixou preso o gosto, a degustação...
E no âmago frio do meu Ser
soa mansamente:
“Cala-te, respira e dorme...”

Fernando Matos
Poeta Pernambucano
@PoetaMatos (Twitter)








quinta-feira, 4 de agosto de 2011

NADA É POR ACASO...


Ao mergulhar na mansidão
da alma, reencontramos
a calma dos espíritos... A guerra dos corpos.

Querer unir-se a pensamentos
dispersos...
É infringir no livre arbítrio e 
obter descontentamentos.

Usar a inocência nos objetivos
pessoais... 
É criar chagas permanentes
no âmago espiritual.

Viva somando conhecimentos,
caminhe de cabeça erguida.
Pois o guerreiro da Luz Divina
não se intimida com falsas labaredas.


Fernando Matos.
Poeta Pernambucano
@PoetaMatos (twitter)




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

(IN)FELICIDADE

HOJE ESTOU MUITO FELIZ!!! Exclamou o Homem ao acordar. Olhou no espelho e deparou-se com um sorriso nunca antes visto e decidiu que aquela alegria não deveria ficar dentro de quatro paredes, seu destino era ganhar o mundo.

Preparou a melhor roupa, o melhor sapato e pôs o perfume com que mais se identificava com a sua alegria naquela manhã. A alegria era tanta que nem quis sair de carro, preferiu caminhar, porém, logo na primeira esquina presenciou o atropelamento de um senhor idoso, gritou para o motorista ajudar mas o mesmo correu sem prestar ajuda. Deu assistência enquanto o socorro não chegou. Depois do ocorrido, suspirou e disse que tudo aquilo era uma fatalidade do destino e que não acabaria com a sua alegria. Continuou sua caminhada de felicidade e em um desses cruzamentos da vida viu uma criança pedindo esmola, o guri talvez, não tivesse mais de seis anos, parou, observou e por fim chamou a criança e fez uma pergunta: Você está sozinho? A criança com um pouco de medo, respondeu ao Homem: “Não senhor, estou com o meu irmão” e o Homem insistiu... e seus pais onde estão? A criança agora já sem medo, disse-lhe: “Eles morreram, eu e meu irmão estamos pedindo um dinherinho para comer um pão, estamos com fome”. A lágrima chegou-lhe a face e disfarçou para o guri não perceber, pegou a carteira tirou alguns trocados deu ao menor e seguiu caminho mesmo sabendo que em poucas horas a mesma cena tornaria a acontecer.

Esforçou-se muito para não perder sua alegria , contudo em cada esquina da vida deparava-se com cenas nunca vistas antes, pessoas mau humoradas, brigas, assaltos, tudo que estava contra a sua alegria naquele dia. Sem demora voltou para casa as pressas, trancou-se no quarto e pôs-se a chorar e depois de algumas horas de prantos, resolveu tomar uma decisão...pegou algumas tintas para pintar um belo quadro, mas a lembrança dos fatos que tinha presenciado não o deixava traçar uma linha colorida, triste novamente passou a chorar e não percebeu que sua mão estava cheia de tinta branca e quando os soluços pararam um pouco, ainda não tinha percebido que seu rosto estava parcialmente branco, apenas o nariz estava vermelho de tanto choro. Alguém bateu à porta e quando ele abriu a pessoa quase morre de tanto rir. Ele sem entender bateu a porta e pensou: “As pessoas não devem rir da tristeza dos outros” e ao chegar no banheiro e deparar-se com o espelho viu uma imagem diferente e não imaginava que essa diferença mudaria sua vida para sempre. Riu da situação e voltou correndo a rua para pedir desculpas à pessoa que antes não tinha atendido com atenção, como a pessoa já estava longe tentou andar rápido e quanto mais andava com aquele rosto branco e o nariz vermelho de tanto chorar, as pessoas passaram a rir, rir e riam cada vez mais. Ele parou pois já estava cansado e foi aí, que, aquele menino que antes pedia dinheiro para matar a fome foi até o Homem e disse: “Palhaço me dá uma abraço” , ele sem entender ficou da mesma altura da criança, deu um forte abraço de amigo e a criança tornou a falar: “Logo cedo um Homem passou aqui e deu dinheiro para mim e meu irmão e agora o senhor Palhaço me dá um abraço bem legal...HOJE ESTOU MUITO FELIZ” . O Homem voltou para casa com um sorriso bobo no rosto e novamente diante do espelho disse par si mesmo:

“O Palhaço é muito mais que uma
Fantasia colorida é o mensageiro
de Paz, Luz e Harmonia Divina”


Fernando Matos
Poeta Pernambucano
@PoetaMatos (Twitter)