A Morte de Papai Noel
Todo Ser Humano tem seu sonho de cidade perfeita e às vezes se perde na esperança vazia que esse lugar possa não existir. A cidade de Estrela do Norte é uma dessas cidades e vive no centro de nossos sonhos e nesse lugar vive uma criança de nome Joaquim, filho dos comerciantes Sr. Juvenal e Dona Terezinha (Tetê para os mais chegados). Joaquim era uma criança serelepe, cheia de vida e muito amor para dar. Sempre que solicitado lá estava ele para ajudar sem se queixar de nada e sempre foi muito solidário além de querer desde cedo apreender o ofício dos pais. A meninada da cidade adorava quando o nosso Joaquim inventava uma nova brincadeira ou um novo brinquedo. Isso mesmo, ele criava seus próprios brinquedos e quando não os queriam mais doava para quem nunca teve condições de comprar... Uma pessoa assim existe mesmo? Ta aí o Joaquim que não deixa ninguém mentir, pelo menos as pessoas de sua cidade natal.
Joaquim cresceu e nunca entendeu porque as pessoas gastavam tanto na época natalina... Certa vez perguntou a sua genitora: - Mãe, por que as pessoas gostam tanto desse “Papai Noel” e não daquele que nasceu para dar a vida por seus irmãos? A sua mãe respondeu: - Filho, cada um deposita sua fé naquilo que acredita e não seremos nós que iremos julgá-los... Joaquim ouviu atentamente sua mãe, mas não se convenceu. Os dias foram passando e o Joaquim cada vez mais inteligente e seus pais envelhecendo no mesmo ritmo, até que um dia seus pais foram vítimas de um grave acidente de carro e o Joaquim com seus mais de vinte anos tornou-se herdeiro de uma fortuna deixada pelos seus pais. Tempo bom para o comércio e ruim para a vida de alguns desafortunados que já sem idade não conseguia trabalho mais na cidade. O Natal novamente chegou e o Joaquim que gostava muito de comer delicias que sua mãe preparava não se deu conta dos seus 130 quilos, isso mesmo e com o falecimento dos pais ele passou a comer ainda mais para compensar a falta, além de deixar a barba crescer. Já havia recebido o apelido de “Papai Noel” do Estrela Norte, fato que lhe incomodava e muito, mesmo ele sendo uma pessoa bondosa e solidária. Enquanto a cidade de Estrela do Norte se arrumava para mais um Natal o Joaquim teve um lampejo e decidiu que ninguém mais na sua cidade passaria fome ou deixaria de ganhar um presente na noite de Natal. Assim o fez, deu alimentação para todos os moradores de rua e para cada morador de sua cidade uma lembrança natalina com os cumprimentos da Família Silva (sobrenome do Joaquim). Só um probleminha aconteceu nessa noite tão festiva, o Joaquim sem querer errou o endereço de todos na cidade forçando a todos a fazer a troca das lembranças recebidas na mesma noite... Joaquim por sua vez achou isso muito divertido e passou a repetir esse erro nas festas natalinas seguintes. Isso se tornou tradição em Estrela do Norte.
Nosso velho amigo solidário só não contava com o avanço da idade e com seus mais de setenta anos e com a mesma determinação de um jovem de vinte poucos anos nem pensava em parar de ofertar noites maravilhosas no dia em que se deveria comemorar a “Fraternidade” e a “Universalidade” do Amor Divino. Em certa noite ao sair para entregar suas encomendas natalinas Joaquim passou mal e foi levado para o hospital mais próximo onde recebeu o pronto atendimento. Toda a cidade ficou sabendo o que houve com o Joaquim e correram para o hospital onde montaram vigília mesmo sendo Noite de Natal. O primeiro boletim médico não dava boas esperanças para o Nobre Joaquim e uma criança ao ouvir as palavras dos médicos, perguntou: “Papai Noel”, Joaquim vai morrer? O Médico e todos ficaram em total silêncio sem saber o que responder e passaram a fazer orações. Horas depois chegou à notícia que nenhum morador de Estrela do Norte estava esperando... Às 23 horas e 30 minutos do dia 24 dezembro do ano da Graça Divina morreu o Sr. Joaquim Silva, filho de Dona Terezinha e Sr. Juvenal Silva... As luzes da cidade apagaram-se e uma enorme tristeza pairou no ar. As crianças que lá estavam como forma de oração cantou essa famosa linda canção:
Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus
Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!
Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus
Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!
Essa linda melodia entoou por toda a Cidade de Estrela do Norte e de repente uma forte Luz surgiu em cima do Hospital e quanto mais às pessoas cantavam e se abraçavam mais forte essa Luz ficava e subia para o céu brilhante de estrelas. Então todos perceberam que Joaquim não havia morrido e sim se transformado na Luz da Esperança... A Crença que tudo de bom possa acontecer se cada Ser Humano assim fizer por merecer. Fazer crescer as três Virtudes da Salvação: Fé, Caridade e Esperança.
Feliz (Transformação) Natal
Fernando Matos
Poeta Pernambucano
Contribuição Com Correção Literária da Nobre Poetisa Olindense Adriana Barbosa Do Carmo
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