365 Dias Sem Cor
Janeiro chega com esperança.
Alegrai-vos porque tudo se reinicia.
Aprendei-vos com o sorriso de criança.
Infelizmente o mundo não é feito de fantasia.
Em fevereiro escondo-me na multidão.
O coração de folião é fraco e fantasioso,
Acha todo o colorido, maravilhoso e eterno.
Mas até Baco tem um fim quando se cansa do inferno.
Março já buscou o Divino Perdão.
Cabisbaixos silenciaram diante da Verdade.
O fogo da Justiça sentencia sem compaixão
Alimentando a Fé no regozijo da lealdade.
Abril invade a mente cega e fechada.
Não adianta pintar a fachada
Com a tristeza interior…
A dor da alma é a destruição do tempo.
Maio ainda não exterminou a angústia.
Ansiedade é o tormento de um mar sem fim.
Ai de mim nessa inquietude opressora,
Morada de uma alma pecadora.
Junho é o tempo de colheita.
A mesa é farta, mas o espírito…
Ainda sente fome de viver.
Onde o medo de ser
É maior em não querer ver a realidade.
Julho já é a metade do longo caminho.
Ainda escondido no próprio ninho
Faço da carne o próprio pergaminho.
As escrituras impuras tornam-se tatuagens.
Agosto vem com o vento da desconfiança.
Ventania que poderia diminuir o espaço
Entre o medo e a descrença no mundo.
Profundo sentimento de busca na aliança.
Setembro amarelo ou dourado…
O ser enclausurado e sem explicação
Diz que o mal interior existe e é real.
A dor persiste e dizem que vai passar.
O corpo não aguenta mais viver amargurado.
Por que demorou nove meses para ser questionado?
A vida passou silenciosa…
Outubro antecipa o fim da caminhada.
Preparam suas ilusões no mundo vazio.
Esquecendo das dores alheias.
Em milhares de corações entristecidos.
Desconsolado Novembro surge,
O Tempo urge alertando o inevitável.
Faltou um ouvinte para a voz na multidão.
Mais tarde farão uma oração
Pela alma tão carente de uma simples atenção.
Dezembro celebra a boa nova na terra.
Assim se encerra 365 Dias Sem Cor.
A jornada será renovada entre beijos e abraços.
Os laços de ternura que se esconderam na dor.
Na Confraternização da Paz Universal,
O mal interior ainda é o pior inimigo.
O véu nocivo escondido da cegueira social.
Deus: “Eu Sou o que Sou, o seu Senhor”.
Fernando Matos
Poeta Pernambucano
Dr. h.c. em Arte e Poesia
(Direitos Reservados ao Autor)
Foto: Google Imagens
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