quinta-feira, 30 de setembro de 2021

365 Dias Sem Cor

 

365 Dias Sem Cor



Janeiro chega com esperança.

Alegrai-vos porque tudo se reinicia.

Aprendei-vos com o sorriso de criança.

Infelizmente o mundo não é feito de fantasia.


Em fevereiro escondo-me na multidão.

O coração de folião é fraco e fantasioso,

Acha todo o colorido, maravilhoso e eterno.

Mas até Baco tem um fim quando se cansa do inferno.


Março já buscou o Divino Perdão.

Cabisbaixos silenciaram diante da Verdade.

O fogo da Justiça sentencia sem compaixão

Alimentando a Fé no regozijo da lealdade.


Abril invade a mente cega e fechada.

Não adianta pintar a fachada

Com a tristeza interior…

A dor da alma é a destruição do tempo.


Maio ainda não exterminou a angústia.

Ansiedade é o tormento de um mar sem fim.

Ai de mim nessa inquietude opressora,

Morada de uma alma pecadora.


Junho é o tempo de colheita.

A mesa é farta, mas o espírito…

Ainda sente fome de viver.

Onde o medo de ser

É maior em não querer ver a realidade.


Julho já é a metade do longo caminho.

Ainda escondido no próprio ninho

Faço da carne o próprio pergaminho.

As escrituras impuras tornam-se tatuagens.


Agosto vem com o vento da desconfiança.

Ventania que poderia diminuir o espaço

Entre o medo e a descrença no mundo.

Profundo sentimento de busca na aliança.


Setembro amarelo ou dourado…

O ser enclausurado e sem explicação

Diz que o mal interior existe e é real.

A dor persiste e dizem que vai passar.

O corpo não aguenta mais viver amargurado.

Por que demorou nove meses para ser questionado?

A vida passou silenciosa…


Outubro antecipa o fim da caminhada.

Preparam suas ilusões no mundo vazio.

Esquecendo das dores alheias.

Em milhares de corações entristecidos.


Desconsolado Novembro surge,

O Tempo urge alertando o inevitável.

Faltou um ouvinte para a voz na multidão.

Mais tarde farão uma oração

Pela alma tão carente de uma simples atenção.


Dezembro celebra a boa nova na terra.

Assim se encerra 365 Dias Sem Cor.

A jornada será renovada entre beijos e abraços.

Os laços de ternura que se esconderam na dor.

Na Confraternização da Paz Universal,

O mal interior ainda é o pior inimigo.

O véu nocivo escondido da cegueira social.


Deus: “Eu Sou o que Sou, o seu Senhor”.



Fernando Matos

Poeta Pernambucano

Dr. h.c. em Arte e Poesia

(Direitos Reservados ao Autor)

Foto: Google Imagens



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