Amigos das Letras
Numa
cidadezinha longínqua e esquecida pela humanidade moravam dois jovens que eram
amigos ainda quando crianças, a vida continuou seu curso e eles cresceram cada
um com sua beleza ímpar além de uma forte corrente literária e romântica... A
primeira carta entre eles surgiu:
Estou
aqui só
Mas
em boa companhia
Troco
um beijo pela poesia
Na
bela manha de sol...
Todo
caminho não é uma reta e qualquer surpresa na próxima esquina nos espreita.
Emily e Felício além de ótimos filhos e bons amigos gostavam de construir
juntos belos trabalhos poéticos. Naquela linda e pacata cidade a comunicação
ainda era olho no olho, as horas tinha asas nos minutos próximos quando os dois
estavam juntos. No entanto, uma linda tarde de um dia perdido na história o
Felício recebeu um telegrama convidando-o para um recital na capital junto aos
nobres e ilustres mestres da poesia regional. A alegria não precisa dizer que
foi geral nas duas famílias, enfim um jovem de uma pequena cidade estaria
pisando em solo de grande prestígio. Logicamente a ida de Emily estava
confirmada também, sua fiel e amada companheira de versos compartilhando esse momento
inesquecível. O mais belo de todos os dias havia chegado na hora exata do tempo
e as malas há muito prontas com vestimentas e uma cabeça cheia de estrofes.
Toda cidade participou da despedida dos jovens que prometeram as suas famílias
na volta outro memorável acontecimento, o enlace matrimonial.
O
trem partiu para capital ao som da banda municipal, lenços acenavam até a
locomotiva dos sonhos sumir na longa curva. Algumas horas depois a rádio local
anunciava em noticiário extraordinário o descarrilamento de um sonho partido
por obra do destino... O município parou, o silêncio tomou conta de toda
esquina e lágrimas inundaram corações partidos. No dia do sepultamento até o
sol amanheceu frio e a vida parecia não querer continuar com saudade do casal e
suas poesias. Todavia sentimento gerado no conforto do amor verdadeiro não se
perde no cair da noite infinita. A alma pura cria caminhos alternativos e toda
lembrança se alcança na estrada da memória eterna. Emily e Felício não
conseguiram concluir a passagem devido à forte saudade que a cidade natalícia
emanava e preocupados com o novo destino inevitável, pensaram que poderiam transformar aquelas lágrimas em flores e a saudade em reminiscências presentes em cada
coração nostálgico sem perder o brilho mágico da partida e escolheram um poeta
como mediador de suas palavras rimadas, as quais seriam perpetuadas em livros
de contos de amor incondicional.
Assim
no caminho da Verdadeira Vida escolheram um amigo das letras e dele o fez
mensageiro da vida invisível...
Amigos
das Letras
Somos
voláteis até mesmo a própria essência
Partimos
com alegria e afago no coração
Não
existe canção que defina a frequência
Da
comunicação... O Adeus jamais será prisão.
Estaremos
nesse ar que se respira
A
vida não se perde na luz ponte
O dolente sentimento mudará
Novos
versos na insistente presente
Que no amanhã
surgirá...
Agora
iremos partir rumo ao desconhecido
Deixando
aqui na alegria desses versos
Um
abraço fraterno no coração amigo
Na
certeza do reencontro no imensurável
Universo.
Novamente
a cidade parou para ouvir e reconhecer aquele conjunto de composições poéticas.
Então cada tristeza se transformou em louvor ao incomensurável amor
incondicional. Novas alvoradas apareceram e a cidade que antes era tão longe do
coração da capital tornou-se arquétipo vivo da eterna união.
Fernando
Matos
Poeta
Pernambucano
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