O Corpo
Era apenas mais um corpo
pela cidade
Caminhando sob o forte sol
quente
Sem muita idade vagava mansamente
Olhando as pessoas e essas
mesmas
Sem notar mais um corpo pela
rua
Sem vida, o triste viver da
realidade
Nua e crua...
Chegou a tarde e o astro rei
ainda mais quente
Fazia com que muita gente se
abrigasse
Em lojas ou ricos
estabelecimentos bancários
Contudo aquele corpo
caminhava solitário
Triste e amargurado, pois
quem tem fome
Esquece até o próprio nome e
sobrenome
Sem a devida labuta
sentia-se na absoluta
Estrada sem luz, escuridão
que nada conduz...
Chegou à noite e o frio da
maresia veio igual
A um açoite e sentiu-se
crucificado numa cruz
Com a alma desprovida de
tempo onde nada
Existe e tudo enquanto
matéria persiste
Em fazer sofrer...
Aquele corpo com frio, sede
e faminto
Encontrou na madrugada um
banco de praça
Para dormir, mas não tem graça
relaxar
Ao relento e não ter o
sorriso da família
Que todos contemplam no
abraço das esposas
Dos rebentos sorridentes e
felizes por ter
Um teto, enquanto o telhado
daquele corpo
Era o espaço infinito e
cheios pontos luminosos
Fechou os olhos e numa
respiração profunda
Adormeceu e quando o novo
dia amanheceu
Estava morto aquele corpo
que andou pela
Cidade e ninguém para o seu
rosto olhou
O que mudou na estrada da
humanidade
Além da maldade do seu
silêncio?
Tudo bem era apenas mais um
corpo...
Fernando Matos
Poeta Pernambucano
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