quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Sussurros Esquecidos


Tradução do poema Forgotten Whispers (Fernando Matos)

 Sussurros esquecidos


Para aqueles que caíram em batalha,

Levantamos um grito de tristeza,

Sob um céu em chamas,

Em uma paisagem destruída.

Onde as balas silenciaram,

E os sonhos foram esquecidos.


Nos braços do abandono,

Suas vozes se perderam,

E as histórias foram apagadas

Como páginas atrozes.

Cinzas permaneceram na mente,

Em corações tão ferozes.


Na terra que antes era viva,

O tempo não corre mais,

Os fantasmas ainda caminham

Em uma dor que não pode ser expressa.

A infância se transformou em saudade

Na mais cruel das promessas.


Crianças órfãs chorando

Sem uma canção de ninar,

Sem o beijo de sua mãe,

Apenas a noite sangrando.

Elas têm o medo como amigo,

E a escuridão para viver.


Ó misericórdia infinita,

Desça agora do altar,

Sobre a infância dilacerada

Que não pudemos curar.

São sementes de tristeza

Que insistem em germinar.


Às mulheres que ainda esperam

Pela vida em meio ao terror,

Que seus ventres sejam luz,

Um abrigo acolhedor de amor.

Mesmo entre os escombros frios,

A fé brota com fervor.


Que o perdão seja a coroa

Desta gravidez ferida.

Que o amor seja um escudo

Na esperança renascida.

E que a paz tome os caminhos

Desta terra consumida.


Às mães que ficaram sozinhas,

Nos cantos da solidão,

Às irmãs e companheiras,

Nossa canção, nossa oração.

Que a guerra largue seu aço

E se transforme em compaixão.


Que os reis se ajoelhem,

E as armas sejam destruídas.

Que os tiranos sejam cinzas

E os povos se abracem.

Que a justiça se levante

E a dor seja aliviada.


Ó guerra, criatura vil,

Ladra de ternura e risos,

Você bebe da nossa dor

E empobrece nosso julgamento.

Você deixa lágrimas no chão

E vergonha no aviso.


Mas ainda há aqueles que resistem,

Aqueles que rezam à luz de velas,

Poetas que ainda escrevem,

Cantores que se revelam.

Em cada verso um protesto,

Em cada canção, uma estrela.


Para aqueles que sangraram nesta terra,

Que o amor seja uma ponte.

Que cada ferida aberta

Seja curada no amanhecer da montanha.

E que a última esperança

Seja mantida na fonte.


Para aqueles que foram silenciados

Sem voz, sem despedida,

Que os anjos tragam seus nomes

E os resgatem para a vida.

Das chamas e dos horrores,

Liberte todas as feridas.


Que as armas se tornem enxadas,

E os tronos, berços de flores.

Que os carros se tornem árvores,

E o amor caminhe livre.

Que a paz se torne uma estrada

E desfaça toda a dor.


Para todas as almas esquecidas,

Escrevemos esta canção,

Pois elas viveram seus dias, sim,

Mesmo em condições adversas.

Elas morreram com as mãos vazias,

Mas cheias de compaixão.


Sem espada, sem escudo,

Mas lutando para viver.

Que a justiça as reconheça

E as traga de volta à vida.

Que o riso supere os tambores

E o jardim cresça.


Que o ódio não nos domine,

Nem o medo nos convença.

Que aqueles que sonharam com a paz

Encontrem o amor como recompensa.

E que o céu leve embora a dor

Com sua doce presença.


Que a chuva lave os telhados

Das viúvas sem abrigo,

E que cada lágrima

Seja lembrada e sentida.

Se o mundo ousar esquecer,

A poesia clama pela vida!


Pois a caneta é mais poderosa

Do que a espada do opressor.

A memória é uma chama viva,

É a guardiã do amor.

Antes que percamos tudo,

Que o redentor brilhe.


Ó guerra, cessai a vossa marcha

Antes que seja tarde demais.

Que a honra não seja uma ferida

Nem se transforme num desafio

A missão de ser humano

Em um legado tão vazio.


Que a paz se torne o caminho

E o amor, nossa canção.

Antes que a alma se perca

Nas brasas da escuridão.

Sejamos a voz da esperança,

Humanos de coração!


Fernando Matos 

Poeta Pernambucano. 



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