domingo, 23 de outubro de 2016

Beijo na Boca

Beijo na Boca


Ah se eu tivesse a sorte
Encontra-la e olho a olho
Beijar ardentemente a morte.
O que parece loucura
É na verdade um passaporte
A procura de todo o mistério.


O ato insensato é apenas
Mais um ato planejado
Nas coxias escuras do palco
Improvisado.
Seria prudente seguir a estrada
Sempre à frente sem olhar para trás.
Todavia o que nos apraz
É a sensação doidivana
A fome voraz do predestinado
Angustiado com o fechar das cortinas.


Quando a água fria
Vem do vulcão mais próximo
Do coração, uma lágrima
De pedra desliza suave
A dor no rosto sombrio.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano



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